Hoje tinha ficado o resto da tarde a ouvir-te. Ouvir-te contar histórias tão reais como estar agora aqui, a escrever. Histórias com a dor e o sofrimento do passado e a felicidade do presente. Histórias de uma vida, a tua vida, as tuas histórias. Contaste-me o que a maioria da família não ia nem interessar-se por ouvir, mas eu interesso-me.
Nunca mais me vou esquecer do dia em que por pura curiosidade estava a vasculhar o sótão e por meu espanto encontro cartas. Cartas com mais de trinta anos. Cartas de uma vida que, felizmente, já não é a vossa. Uma vida de distância por dinheiro, de uma criança e de amor. Todas as cartas falavam em dinheiro e em saudades e junto a elas, todas traziam o traziam.
Falaste-me do quanto tudo o que tens hoje te custou a ganhar e apercebi-me que só não tens mais por uma insegurança que nem sequer era a tua. Querias sempre dentro do que podias, e podias mais, mas havia alguém que tinha medo. Medo de arriscar, medo do futuro. Mas estavas lá tu para levar as tuas ideias em frente e por entre hortas, sótãos e furos, tentas-te fazer sempre tudo da melhor forma possível…
Nunca vamos deixar de te amar.
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